terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

No Jardim da Solidão

No jardim da solidão
faço-te a última oração,
um clamor desesperado
atrás de alguma alternativa.

Às vésperas do massacre
não compete a mim lamentar minha vida,
sofrerei na minha carne a dor dos outros;
o castigo de multidões convergirá em mim,
receberei tudo injustamente
para executar a misericórdia.

Sim, eu tenho todo o poder em mãos
e como homem me é tentador usar,
mas beberei dessa taça vermelha
de líquido amargo.

A cruz tem um peso imenso,
tem o peso do mundo,
que meus ombros vacilam a suportar.
Oh, Pai! Fortalece meus ombros
e meus pulsos,
pois eu sou a única esperança.

O gotejar rubro grava no chão
palavras de ânimo e consolo;
ainda mais, teu querido anjo, ó Pai,
veio me dar forças.

Lembrar dos pequeninos distantes de ti,
pobres filhinhos,
deixo de pensar em minha carne.
Minha vida é a tua vontade,
foi para isso que eu vim,
então eis-me aqui.

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