Esse poema fala muito de mim, acho que é um dos poucos que me explicitam. Escrevi e o entreguei no dia do amigo para algumas pessoas que eu considerava amigo. Se vc quiser "ligar os pontos", tinha escrito para a "sementinha que nunca cresceu", esperando ela crescer por entender o significado da amizade. Pois bem, se vc já leu os poemas anteriores, perceberá que não deu certo, "Somente não pude realizar o que somente o Espírito que dá vida pode fazer: - torná-la viva".
Praticamente falo de mim mesmo nesse poema: falo sobre ser amigo, falo das minhas dificuldades de conquistar amigos cujo coração enrijeceu e tudo converge para a sementinha (aquela fria, má, insensível e inóspita sementinha).
É assim que eu sou com meus amigos, os considero, me dedico a todos, quero oferecer o melhor, quero ajudar, mas dói muito quando o amigo não é mais amigo. Por favor, não façam isso!
Ser amigo
Não existe algo mais difícil do que ser amigo,
No entanto, não há algo mais recompensador.
O amigo está sempre próximo:
A maior distância que ele possa estar é ao lado,
Ao lado nas dificuldades e em qualquer situação
Lutando contra os mesmos males,
Tendo como próprios os sonhos do companheiro.
Ser amigo é tornar sagradas as pequenas coisas
Um pequeno presente torna-se a jóia mais cara
E nas lembranças, imagens que câmera nenhuma captou,
Há imagens inestimáveis.
Ser amigo é tornar dias festivos os aniversários
e as datas mais significativas.
Maquinar nas madrugadas planos infalíveis
Que surpreenda, cative e constranja.
Para isso conhece quais as coisas
Que fazem o coração bater feito tambor.
Ouvir o outro destrancar o coração
É uma doce fragrância de incenso
Assim como são também olorosos e cheios de amor ouvir os conselhos:
Tão afiados quanto lâminas
Tão macios como plumas.
Ter o sorriso do outro amigo
A obra de arte mais expressiva do que um Da Vinci, um Van Gogh.
Não há mão de pintor mais habilidosa,
Deus pintou as curvas do sorriso com Seu amor e Seu esmero.
Pronunciar o nome do colega é
Como pronunciar palavras mágicas,
Evocá-lo junto com a saudade que instiga o coração
E o ouvir da sua voz é igual a ouvir os cânticos de querubins.
É gargalhar, quando o outro esboça um sorriso,
É chorar numa longa vigíla, enquanto o outro chora.
É procurar o amigo nas maiores distâncias,
Mesmo tendo de atravessar milhas e milhas,
Tendo de transpor a distância do tempo
E neste tempo enfrentar a distância intransponível
Do coração que adormeceu.
No entanto, o amor
(e por conseguinte a amizade, que de amor se alimenta)
Não é uma ciência exata,
Pode-se abastecer o colega de amor até transbordar,
Todavia não muda, se não for da decisão dele.
Por isso ser um bom amigo não significa ter bons amigos,
Embora sê-lo seja ensinar os outros a serem
Amar nunca rima com receber,
Tampouco ser ouvido ou considerado.
Talvez provocar um sorriso seja algo inédito
E a sede de ver o outro feliz nem seja saciada,
Como um sonho, que talvez exija tirar os pés do chão.
Ser amigo é manter-se feliz e cheio de visão
Mesmo enfrentando frio e indiferença.
Aprendendo a amar cada vez mais incondicional
Diante dos ferimentos,
Vertendo desses ferimentos o mel mais doce,
Ignorar a dor e converte-la em estima
E quando o coração chora,
Ser possível esboçar ainda um sorriso.
E assim como a fênix torna à vida das cinzas,
Fazer ressuscitar a esperança de ter o amigo de volta
Quando se vai para longe da lembrança.
É ignorar os erros, os desconfortos e a si mesmo.
Pois o peso da cruz, que se deve carregar um do outro
Tornar-se-á tão gostoso de se carregar e tão leve
Quanto embalar um bebê nos braços.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
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