terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Testamento

Quando eu me for, decrete feriado,
serão as férias de minha pessoa.
rejeite o luto,
use cores alegres
e faça uma festa com muitos convidados,
pode deixar que tudo eu pago.

Quando eu me for, meus filhos cantarão,
os velhos se deliciarão narrando minhas histórias,
as bandas tocarão nos coretos das praças;
não será dia lacrimoso,
os fogos desabrocharão no céu estrelado.

Quando eu me for, não me deite abaixo do solo,
desejo subir aos céus como o incenso faz,
lá no alto tocar a imensa cúpula;
não grave meu nome nas lápides,
prefiro meu nome gravado na memória dos que me amam.

Quando eu me for, não desperdice suas lágrimas comigo,
se chorar, que seja extravasando alegria
como no final de um espetáculo:
meu viver tem sido um espetáculo de Deus,
eu fui apenas um palco.

Quando eu me for, não feche o livro de minha vida,
retire as páginas que restarem dele
e redistribua em outros livros
porque assim permanecerei mais que a eternidade,
continuarei sendo escrito na vida de outros.

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